quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A Última Estação


"Leve a noite e escureça tudo a minha volta. Chame as nuvens, e me ouçam atentamente, estou perdido sem vocês..."

Passar anos em minutos, as incontáveis fotos, as emoções tão fortes quanto poderíamos sentir, comentar sobre uma tarde e já lembrar de outras dezenas que já compartilhamos, poder passar horas falando de um assunto que no tempo nos tomou pouco mais de três minutos, lembrar do quanto cada um é importante e o quanto já estamos atrasados pra continuar a conversar.
Aliás, há pouco pra se falar, se não nos atemos as memórias, se a cada passo dado, nos distanciamos, se a cada dia que se passa os ideais se confundem com os ideais daqueles que também confundem as idéias que tentei esclarecer quando os confundia.
Foi um sonho, uma ilusão boa, um desespero contente, mas, embora o sol seja sol, não pode iluminar as noites que virão, e enfim vieram.

"Odeio sua lembrança, lamentos são melhores quando não ditos..."

Pobre de mim, tão acostumado com o cotidiano marcado das palavras repetidas, das mesmas músicas que me bastam e calam as mais antigas e novas perguntas, me obrigo a me recolher, pra esperar o sol de amanhã chegar, enquanto meus amigos socializam com aberrações, se acostumam com uma nova ordem que juraram nunca aceitar, não tão breve sei que verei de ponta cabeça os crucifixos outrora tão vigorosamente levantados como bandeira de uma luta.
Antes que chegue o dia, quem sabe, verei defensores da natureza deixando de se importar com a Amazônia, pois já deixaram de se importar com seus valores, então como as mudanças tão normais, é apenas questão de tempo. Questão de tempo para que toda essa modernidade aceite não apenas o aborto dos seus ideais que você deixou morrer, mas uma vida que surgiu onde se quer havia amor, que seus amigos aberrações adotem um filho, que de uma vez, se legalize tudo o que puder, toda droga boa, toda boa sensação mais rápida que a lágrima que nada consegue impedir de cair, que se consuma tudo o que cabe dentro de um comentário de cento e quarenta caracteres, um pouco maiores do que você aceitou ser, por troca de uma aceitação que ninguém deveria merecer.

"E tudo foi em vão, te afligir não me deixa aberto..."

E eu os deixo, em paz, onde estão, como estão, não foi uma derrota, foi uma batalha, que perdi, mas que venço enquanto me convenço que me basta o que sou, me basta o que já fiz, inclusive por vocês, e que não resta outro sentimento a não ser amor, mas o poeta diz que devemos deixar as coisas que amamos livres, e é isso que desejo que sejam, que se desprendam desses laços que hoje controlam os braços e as pernas que já caminharam em direção à luz. Permaneço nos mesmos lugares, com o rádio nas mesmas faixas, sempre tocando a música que salvou a minha vida, acreditando nas mesmas coisas, no mesmo Deus que insiste em acreditar em mim e errando a cada passo que dou, e sempre estou caminhando. Nós caímos e levantamos, é a única ordem que sigo, é uma ordem natural da humanidade, sejam humanos e não hajam diferente do que realmente são.

"Vou me consertar antes que isso me domine..."

De quem vos ama sempre.
"Estou caído, mas vou renascer sobre isso."

Ler ouvindo (com raiva): "Rise above this" - Seether
Foto: "Happy Sunday" - by Rafael Bonfim
@rafaelbonfim on twitter.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Afinal o que é o Rock n' Roll?


Não são os óculos do Jonh nem o olhar do Paul... Não é a indústria e o comércio do quais eles foram vítimas e vitimaram toda uma geração.
Ou toda mega produção de shows, tours, de cabelos, maquiagens, imagem, roupas, dinheiro, mulheres, fama, glamour e tudo isso que aparenta ser.
Mais fácil até dizer, o que não é o rock and roll. Não são meteoritos, que caem, chamam alguma atenção, algum estrago, trazem pouca luz e antes que clareie o dia são esquecidos, pois afinal quantas marcas dignas, justas e merecidas, quantas tatuagens de bandas da moda você já viu? E nem vou citá las pra dificultar um pouco pra todos nós.
Pra facilitar um pouco, e também pra ser alvo de críticas irei dizer o que penso ser isso que de maneira insana e as vezes mal vista e tantas vezes incompreendida que a terra chama de Rock, ou pra alguns Rock and Roll.
É cada sonho construído em cima de uma guitarra de terceira linha adquirida, que chega no máximo ao festival da escola, na cidade vizinha, ou vai até o casamento, talvez antes no vestibular, mas que a cada acorde ouvido é instantaneamente ressuscitado, embora saiba que no minuto seguinte tem que morrer, pois toda essa super produção cabe dentro de um coração, e não existe nada mais fiel do que um coração de um roqueiro certa vez ouvi dizer.
Não se resumem aos cabelos compridos cultivados, mas há de se respeitar o empenho em deixá los assim pra que todos que vejam pensem: "eis ali um rocker", também cada camiseta preta vestida religiosamente nos mais de trinta graus nesse país tropical.
O Rock é feito de toda, toda banda independente que sonha um dia ter chance de mostrar seu talento e ser reconhecido por ele, e antes que isso aconteça, dedica parte do seu tempo ensaiando para aquele show de sábado que vem gratuito onde terá um equipamento de som insuficiente que possívelmente foi levado de ônibus por parte de outra banda enquanto outros não tiveram dinheiro e foram a pé.
É acordar segunda feira ir trabalhar e ser o diferencial, quem sabe ser reconhecido pelo que faz e ganhar o merecido dinheiro, pra imbecilmente investir no hobby que pra alguns nunca dará futuro, mas qual presente os senhores que nos empregam construíram pra dizer o que é certo ou errado? E quem disse que queremos futuro algum? Nos bastam os vinte segundos da guitarra solando pra que possamos na próxima segunda feira termos um motivo decente pra bater o cartão. Também pode ser pra alguns, não para mim, a sublime arte de sobreviver, perambular, encontrar casa em qualquer canto, cantar, tocar e viver até que o destino lhe traga algo bom, sem nenhum esforço, trabalho ou o que quer que seja convencional.
Pra mim são os covers, tão praticados, tão arquitetados e da melhor maneira gravados pra que vejam sua devoção a tal banda, sua homenagem ou qual interpretação do sentimento que só você tem quando ouve algo e gostaria de compartilhar com alguém, ou com todo o Youtube.
As amizades feitas, as cervejas baratas compartilhadas, ou a cara que custou ser comprada pra apenas compartilhar da mesma sensação de alguém que lá longe faz com a garrafa verde na mão enquanto posa pra uma foto, os burgueses com seus equipamentos caros e sonhos prontos que ninguém quer consumir, a guitarra emprestada, o cabo que nunca volta, aquele pedestal que você nunca mais viu, a palheta ganhada de um guitarrista desconhecido mas que fez sua noite inesquecível, o par de baquetas incompatível, as histórias que não tem sentido se não forem contadas milhares de vezes, e o sonho de um dia chegar lá e dizer tudo que tem pra dizer, e não fazer feio, pois tanta gente até agora te apoiou.
É a eterna troca entre a você e aqueles que já estiveram em seu lugar, e agora estão nos palcos, que ficam nos backstages com crachás escrito "Banda"; você precisa da melodia, emoção, letra e música pra que sua vida tenha sentido, eles precisam da sua devoção pra não ser apenas mais um meteorito e sim uma estrela que sempre brilha, não importando que seja vista por milhares ou milhões, o importante é que o rock nunca deve acabar.
Amor, devoção, disposição, loucura, paixão, fidelidade, e mais infinitas palavras que soam honradas embora as vezes contrastem com elas próprias resumem o rock.
Pra mim, um dia sem rock, é um dia perdido... Pra ti, o que é o Rock and Roll?

Ler ouvindo: "Priece of fame" - Submersed
Foto: "Insonia" - by Rafael Bonfim
@rafaelbonfim on twitter.

sexta-feira, 25 de março de 2011

sem nome

Quando criança não compreendia muito, hoje queria aqueles dúvidas pra saciar as vontades que só degradam o que sonhava outrora.
Quando perdido em meio a idade que não acusa e não liberta queria fugir e nunca mais voltar pois tanta gente me fez sofrer até então.
Ainda não entendi tanta coisa, duvido de tantas ainda mais, ainda não sei qual a finalidade de tantas perguntas, se no final as respostas não satisfazem o que realmente queremos ouvir.
Ainda queria ver se bem longe realmente o sol se põe tão belo quanto aqui, pra voltar e te contar.
Talvez, hoje, mais que ontem, do que sempre e nunca sou mais criança, alías, meu coração jamais envelhece, e minha alma nunca desiste de sonhar, nem meu coração de lutar.
Talvez quase todo dia encontre meu "vôo da águia" nos últimos dez anos ou mais, ao mesmo passo que sinto como alguém que caminha abismo adentro com infinitas velas pra guiar outros por caminhos que não conhece, mesmo assim o faz, pois desde sempre tem sido assim, e continuará.
Permaneço. Permaneço pois já tentei buscar o céu antes do tempo e hoje aprisiono demônios dentro de mim, que volte e meia saem pra me defender de almas boas que acham que meu fim deveria ser ali, sem glória nem inferno, só um fim. Pobres almas.
Permaneço sem saber se meus sonhos são o que me fazem querer ir, ou o que me fez querer voltar.
Encontro dúvidas a cada solucionar, encontro guerras a cada abraço, me cobram por algo que não devo, e levo fardos de outros super-heróis, perco o sono, ganho a chance de tentar denovo enquanto chove, enquanto dormem, enquanto desistem, me alimento da derrota de muitos.
Encontro abraços, amigos, razões infinitas que me fazem dizer que: não importa as milhares de razões que tenho pra desistir, eu tenho uma pra continuar, e nos amigos vejo que também não importa o tamanho da tempestade, sempre haverá uma compania, tem sido assim faz algum tempo, e continuará.
Continuarei sem saber tanto, mas continuarei compartilhando, mais o bem do que o mal espero, continuarei escrevendo, pra que sempre alguém possa ler, e assimilar algo, concordar e discordar da minha história se possível for.
Continuarei outra hora, pois por agora, só queria te dizer que se um dia encontrar qualquer uma das respostas que tanto busco, te conto, pois espero ter você por perto.
Continuará? Continuaremos, pois somos o quê somos, e sou o que sou.
Esperando pelo meu fim, continuando.

Ler ouvindo: "Waiting for the end, Linkin Park - Cover by: Gavin Mikhail"
on twitter: @rafaelbonfim