segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Apenas!


Repetir as mesmas cenas, me dar ao direito de pela última vez apertar no Replay do site que sequer olho, pois me bastam as notas do violão e a letra da música que diz tanto, tanto que me calo pra meu silêncio lhe incomode, apenas nesse dia que antecede nosso aniversário.
Apenas repetir o caminho que fiz sem modificar os atos, os fatos, boatos, do enredo que me conduziu a pensar se preciso mesmo voltar a ser como outrora pra poder tanto como quero escrever de outra maneira o final que o destino me reservou.
Apenas saber que os doze minutos que me restam são de alguma utilidade, pelo menos pra quem deseja passar grande parte da vida em repouso, então partilhar do fim do mundo ou do encerrar dessa hora não difere em muita coisa, lhe ofereço onze, um preciso pra me concentrar no que direi.
Outra vez escrever algo, apagar, escrever e ao final errar algo que é tão importante, pensar, calar, abrir a boca, repensar, dizer e não agradar, planejar, observar, agir e errar, apenas não me dar ao luxo de que não foi em vão, o que escrevi, pensei, fiz, disse, rezei, evitei, propus, lutei e perdi, mas lutei, apenas não, fato que não.
Pra mais uma vez, buscar entender quais foram os fatos que me fazem dizer apenas, pra não me preocupar em encontrar milhões de desculpas pra justificar algo que não se justifica com palavras, pra perdoar os mais duros pecados que eu causei contra mim, apenas contra mim, mas por não conseguir ser tão forte quanto o sol, chegaram até você, e levaram algo que não tinha valor até se ir, para sempre de ti, como pra sempre se foi de mim.
Apenas, apenas entender com a mesma facilidade com que se respira que nada seria tão fácil como pensávamos, ou seria tão difícil como nos disseram, ou no mínimo que nos faria chorar mais vezes do que merecíamos, mas é um fardo que merecíamos, caso não, não estaríamos aqui agora, apenas buscando entender o porquê disso tudo, querendo ou não, merecendo ou não.
Finalmente, esperando o fim da canção pra crer que algo nos liga, ou ainda nessa mesma encontrar uma boa rima pra repetir, ou até ignorar o que está por vir, e apreciar essa chance de contemplar o que temos hoje, pra suprirmos as perdas de ontem, pra termos uma chance amanhã, na próxima canção, até ao fim desses doze minutos, dos quais onze são seus, pra apenas mudarmos algumas palavras, não perdendo o sentido do que queremos, ser, ter, ir, encontrar, e nunca mais perder, e finalmente, finalmente pedir, apenas mais uma chance.

Foto: "Apenas" - By Txuh
Ler ouvindo: "The Scientist - Acoustic" - Coldplay, mais uma vez*
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